Arrepios

Arrepios, suspiros, verdades…

Admirável tempo escasso

Certas coisas não deveriam ser descobertas. Algumas discrepâncias típicas da vida humana deveriam ficar trancadas por muito mais tempo. O desespero adora revelações cabalíticas em determinado instante de nossa não escolhida existência. Assim, lenta e precisamente, de forma nada cortês, ele vem chegando. Frio, nublado, chato. E o mais desesperador é saber que nada pode mudar tal fato. São conseqüências de atos próprios, os pensados e os impulsivos, e no final das contas a culpa parece ser sempre sua. Escolhas, dúvidas, sentimentos. Não pode-se fugir de nada disso.

Talvez, no final das contas, as coisas devem melhorar. Sim, deve-se acreditar. Sem crenças não existem metas a serem atingidas, sonhos a sairem do papel, destinos aos quais se deve chegar. Crer em uma vida estável, feliz e tranqüila, maculada pelo canto dos pássaros e o correr dos minutos em marcha lenta: é necessário. Crer que qualquer hora dessas o tempo desacelera. Crer que ele vai se cansar, e só após muita ociosidade, resolverá acelerar novamente para que descanse em paz. Ele e você.

O tempo de certa forma, é tudo o que se tem. Saúde, moral e dinheiro encontram-se de forma distinta em cada um, mas a forma de administrar o tempo é que tem de ser levada em conta. Porque ele não pára. Não até que tudo se consuma. Não até que você já tenha atravessado tudo a que foi designado. E ele é escasso. Ó, como é!

Quem tem tempo pode dizer ter quase tudo, pois assim aproveita melhor a vida, dorme, acorda, faz aquilo que tem vontade. Diz-se até que tempo é dinheiro, tamanha sua importância pra tudo. O tempo no momento está correndo, passando e a vida vai junto. Enquanto escrevo tal consideração sobre o tempo e você a lê, ele está se deslocando numa velocidade única e precisa, mas não pára. Já dizia Cazuza.

Faça uma experiência: pegue alguns de seus minutos e jogue fora. Deite na grama, pinte uma parede, mastigue folhas de um limoeiro, cante para seu cachorro, suje os pés na lama, sinta o cheiro da terra que a chuva molhou. Viva.

08/10/2007

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